terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Destorce, destorce, destorce

Eu nem tenho grande prazer nisso (ou pelo menos tenho muiiito raramente), mas sou um bocadinho nazi em certas e determinadas questões.

E se há coisa que me tira do sério é esse grupinho de parasitas, a que nem chamo minoria porque eles já são mais que as mães, constituído pelos tão úteis e convenientes arrumadores de carros.

A sério, quem é que no seu perfeito juízo vê alguma utilidade ou lógica na existência de um arrumador de carros num parque de estacionamento (ou noutro sítio qualquer)? Só mesmo alguém com mais droga que sangue no corpo.

É que, tanto quanto vejo, quanto vemos todos, eles não criam lugares. As criaturas limitam-se a apontar os lugares que nós, sem aqueles estupores (para não lhes chamar montes de esterco), veríamos na mesma. E gesticulam, gesticulam muito, berram, fazem 30 por uma linha, dão dicas de estacionamento e, no fim, ainda ficam à espera que lhes paguemos. E agem como se tivessem, de facto, esse direito. Como se tivessem sido indispensáveis e tivessem estudado uma vida para essa árdua tarefa que é a de indicar lugares vazios. E se não pagamos, chamam-nos nomes e decoram-nos o carro e a cara. E se damos só 20 cêntimos é porque somos isto e aquilo.

Hitler, se me estás a ouvir, eu acho que foste má pessoa! Foste cruel, fútil e mimado. Mas, se tivesses um tempinho, achas que dava para passar por cá e limpares o sebo a uns, sei lá, 500 arrumadores? Só para nos aliviares um bocado. E, já agora e se não for pedir muito, há uns ciganos que andam a roubar arcas frigoríficas a avós de amigas minhas, ali nas Gafanhas. Bom, se puderes, dá lá um saltinho também, sim?

(Isso ou um governo que solucione este problema, que não só irrita como é perigoso, algo que já foi feito noutros países.)

Tempo livre

Sabes que tens demasiado tempo livre quando vês, na íntegra, o vídeo da orgia do José Castelo Branco.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Transtorno obsessivo-compulsivo

Isto de ter carta, carro e toda uma nova independência é muito giro, que é, mas vai dar-me cabo da paciência. E olhem que eu já não uma pessoa dotada de grande dose disso.

Há uma parte de mim que não acredita que eu, uma mulher feita, seja suficientemente consciente e responsável para ter um carrinho nas mãos.

Primeiro: conduzir de noite é o bom e o bonito! Eu não sei se sou só eu, mas tenho a sensação de que me vão aparecer gatos na estrada, a correr e de olhos vermelhos e que eu, claro, vou esmigalhá-los sem compaixão. Ou veados. Também já me passaram pela cabeça vários veados a atravessar a nacional 109, essa via particularmente conhecida pelo aparecimento de animais selvagens durante as noites mais frias.

Isso e quando estaciono o carro, que verifico tudo pelo menos 59 vezes, saio do carro e passo os minutos, senão horas, seguintes, a pensar que deixei o carro destravado, ou as luzes ligadas, ou alguma mudança engatada, ou o carro aberto, ou porra que o valha!

Agora, enquanto vos escrevo, vai-se-me um tal desconforto na alma que só tenho vontade de sair do quente do meu quarto para ir confirmar que está tudo bem com o carrinho. E isto tudo com a tal banheira (confesso que até já a acho fofinha e temos sido felizes juntas) da minha mãe. Imaginem quando for um carro meu. Mas imaginem só vocês, que eu não tenho coração para isso.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Há coincidências

Hoje estive toda a tarde numa daquelas neuras de gaja. Não me apetecia estar em casa (eu, que dou tanto valor a passar o Domingo enrolada a ver TV), mas também não sabia bem o que queria fazer. A bem dizer, estava com um look miserável, com o cabelo todo nojentinho, o ar de quem não se vê ao espelho há 23 dias e umas dores ainda mais de gaja que as próprias neuras.

Decidi prosseguir com todo este degredo e vesti-me mal e porcamente para ir comprar um perfume. Como ainda sou, segundo o meu progenitor, uma maçarica a conduzir, não me aventuro sozinha na carrinha, vulgo banheira, da minha mãe, e vai daí fui apanhar um autocarro que supostamente passaria às 18h. Mas depois, percebi eu, tarde demais, não às 18h de hoje.

Pois bem que fiquei ali naquele estado deprimente, gelada e maldisposta, a ouvir música ainda mais deprimente, durante quase uma hora, numa paragem de autocarro sombria. Isto tudo não teria piada nenhuma não fosse ter aparecido, de repente, em plena nacional 109, uma espécie de escolta nazi, na frente uma mota com sidecar com um senhor vestido de Hitler, outros tantos homens com ar de nazis fardados de forma estranha, em motas e carros ainda mais estranhos. Está bem que é Carnaval, mas eu senti-me no meio de toda uma Alemanha nazi.

Isto podia ficar por aqui, que podia, sem grande piada e sem nada de extraordinário, mas não fica. Pois que entretanto apanhei uma milagrosa boleia com uma amiga e comentei todo este cenário de extrema-direita em plena cidade de Ílhavo. O padrasto da minha amiga, como se nada disto fosse estranho, e para ele não era mesmo, disse logo: "ah, isso é o que fazem todos os anos, no Carnaval, o engenheiro XIS (não vou dizer o nome dele, que parece mal) e os amigos!", e respondo eu, prá minha vida, "o engenheiro XIS que é examinador do IMTT?", "sim, esse", diz ele, "ah, é que foi ele que me fez o exame de condução na quinta-feira", remato eu.

E foi isto. Agora consigo imaginar o meu examinador vestido de Hitler a plantar cebolos e a não nascer nenhum.

Claro que há coincidências. E não são poucas.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Condução: terceira e última parte

Depois de muita baba e ranho, de muitos dias a chegar a casa a pensar "eu nunca na vida vou tirar a carta" e de algum dinheirinho gasto em aulas extra, eis que me encontro apta para conduzir entre as demais pessoinhas.

Pois é, não estava nada à espera de um desfecho feliz, mas a verdade é que nas últimas, vá, 3 semanas, as coisas começaram a compor-se. Et voilá, ontem passei cheia de tranquilidade no exame de condução.

Não subi passeios, não bati em carros, não fiz rotundas em quinta (go go Salomé!!), não deixei o carro ir abaixo, não atropelei crianças nem velhinhos.

A dada altura, o examinador, não sei bem por que carga de água, começou a falar do tempo, e de como o tempo influenciava a agricultura, e a lua!, ah como a lua influencia a agricultura, e que a mãe sempre lhe disse para não plantar cebolos com lua cheia (ou ao contrário, whatever) e que ele um dia plantou 600 e não cresceu nenhum. E com a brincadeira dos cebolos estava a Nênê em quarta, numa rampa, a 20 KM/H e prestes a deitar tudo por água abaixo. Parei o carro, pus em primeira, ponto de embraiagem bem feitinho, disse que me tinha distraído com os cebolos, pedi desculpa e segui caminho.

E correu tudo bem. Tenham cuidado por aí.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A culpa é da televisão

De há uns anos para cá, mais precisamente desde que vi nas notícias que um menino morreu electrocutado ao carregar num botão de um semáforo, nunca mais consegui fazer o mesmo (carregar no botão, não a parte do quinar) sem pensar nisso.

E fico sempre à espera que se me acabe a vida ali, antes de atravessar a passagem para peões.

Receio do género surge em piscinas. Desde que ouvi que uma criança terá sido sugada numa piscina de um qualquer parque aquático, procuro em TODAS as piscinas buracos suspeitos ou susceptíveis de me levarem desta para melhor. A sorte é que será difícil caber em algum.

É o que vale.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Caralhotas

Se há mais alguém aí que chame caralhotas ao borboto, que diga agora, ou se cale para sempre.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Dar sangue.

Hoje fui arrastada para doar sangue. É um projecto que tenho desde novita, que acho muito bonito e necessário, mas que tenho adiado de ano para ano.

Quando tinha 14/15 aninhos, uma idade cheia de consciência e em que se tomam decisões para a vida, achava um piadão à coisa e tinha a certezinha de que ia ser dadora a vida toda. Pois, está bem.

A ideia começou a perder credibilidade quando passei a fazer análises com frequência. A piada é que desmaio sempre. O que, parecendo que não, é chato. Pois que chego lá, ao centro de análises, já nervosa e prestes a entrar em colapso. Eu nem olho para a agulha, ou para o sangue, ou para a enfermeira, mas imagino tudo. 100 vezes pior.

Mal a senhora tira a agulha e diz que já está, puff, calafrios, suores, tonturas, náuseas, e lá vou eu. Depois elas vêm com rebuçados, algodões com álcool, pães com queijo, bolinhos, um verdadeiro farnel anti-pieguice. E eu recupero os sentidos e vou à minha vida, com a garantia de que só para o ano é que há mais.

Ainda assim, ignorando este padrão e porque quero crer que algures em mim há uma pontinha de coragem, deixei-me arrastar, então, para dar sangue.

Ora cheguei lá, preenchi um questionário, inscrevi-me como dadora e sentei-me à espera de ser avaliada pela médica que vê se estamos, ou não, aptos para ser vampirizados.

O problema, meus amigos, é que nisto estava lá tudo ao léu. Que é como quem diz, as pessoas, ali, tudo ao molho, fé em Deus, de agulha espetada no braço e saco de sangue pendurado. A abrir e a fechar a mão. E, claro está que eu, do alto da minha borradice, comecei logo a sentir vontade de vomitar perante este cenário.

Sentei-me cheia de medo, e de suores e a tremer da voz, para ser vista pela médica e, dois minutos depois, tinha escrito na minha ficha: "Não tem perfil psicológico para ser dadora". Diz ela, a médica, que agora nem pensar, que ainda caía pro lado ali, e para tentar mais tarde, que com a idade as pessoas lidavam melhor com as suas fobias.

Parece que lá terei que adiar o projecto mais uns aninhos. Ou, quiçá, para sempre.